Mais de 10 mil crimes contra menores e a aumentar: APAV recebeu 8 pedidos de ajuda por dia em 2023

A totalidade de crimes cometidos ultrapassa os 10 mil, mais concretamente 10.271 crimes e outras formas de violência contra crianças e jovens: entre os comportamentos violentos destacam-se violência doméstica (62,6%) e os crimes sexuais (30,3%)

Revista de Imprensa
Maio 20, 2024
8:45

A Associação de Apoio à Vítima (APAV) recebeu em 2023 oito pedidos diários de ajuda de crianças e jovens – ao longo do ano, foi prestado apoio a 3.066 vítimas, mais do que os 2.595 registados em 2022, um aumento de 18,2%. De acordo com o ‘Diário de Notícias’, os dados dizem respeito processos de apoio presenciais, por telefone, por e-mail e online.

A totalidade de crimes cometidos ultrapassa os 10 mil, mais concretamente 10.271 crimes e outras formas de violência contra crianças e jovens: entre os comportamentos violentos destacam-se violência doméstica (62,6%) e os crimes sexuais (30,3%). Seguem-se o bullying (1,7%) o abuso sexual de menor dependente ou em situação particularmente vulnerável (1,6%), a violação (1,5%), a importunação sexual (1,2%), o aliciamento de menores para fins sexuais (1,1%), a pornografia de menores (1,1%), a ameaça/coação (0,9%) e a coação sexual (0,8%). Por último, os maus-tratos/violência institucional, a difamação/injúria, a violação da obrigação de prestação de alimentos, o cyberbullying e o tráfico de pessoas.

“Três em cada 10 crimes são de natureza sexual”, refere Carla Ferreira. “E cerca de 50% deste tipo de crimes são praticados por familiares.” Muitos crimes não são denunciados. “Há muita criminalidade oculta e está cada vez mais a sair desta obscuridade para o espaço público.”

De acordo com a responsável da APAV, os números são preocupantes. “Uma criança é sempre uma criança, e isto deve preocupar-nos e devemos capacitar as pessoas para que estes números sejam cada vez mais conhecidos”, frisa. “A diferença entre os casos que apoiamos e os que são cometidos é superior. Não devemos pensar nos números por si só, mas em tudo o que está em redor e o que não se sabe. Há, de certeza, muitos mais casos. São as chamadas ‘cifras negras’. Diria que conhecemos talvez um terço das situações e esta é uma estimativa por cima”, avança.

A maioria dos menores vítimas de crimes são do sexo feminino (60,7%), de nacionalidade portuguesa (80,1%) e têm entre 11 e 14 anos (31,5%). “Apesar de ser essa a faixa etária das crianças quando nos procuram, muitas já viveram situações de violência antes. É com esta faixa etária e o nosso trabalho nas escolas que as crianças começam a perceber que coisas que se passaram ou ainda se passam são situações de violência. Por isso nem todas estas crianças são vítimas nessas idades, algumas foram antes e de forma reiterada”, explica Carla Ferreira.

O agressor é maioritariamente do sexo masculino (60,1%), com entre 36 e 45 anos, e apenas 10% do sexo feminino. Há também elevado número de vítimas que é filho ou filha do agressor ou agressora (35,7%). É nos distritos de Faro (26,8%), Lisboa (14,8%), Braga (10,8%) e Porto (9,1%) que residem as crianças e jovens que mais procuraram a APAV entre 2022 e 2023.

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